Resumo
O câncer de mama é uma doença que figura como a principal causa de morte de mulheres no Brasil configurando-se como um problema de saúde pública, não só pela prevalência, mas também pelos altos custos para diagnóstico e tratamento. Detectar a doença precocemente e controlar seus fatores de risco são importantes e podem fazer a diferença no cenário atual. Portanto, o presente estudo justifica-se especialmente porque a detecção precoce minimiza a morbimortalidade das mulheres e os custos do tratamento dos estágios avançados da doença. A pesquisa teve como objetivo delinear o perfil epidemiológico do câncer de mama em mulheres atendidas em um serviço de referência e, como objetivos específicos, analisar o perfil sociodemográfico das mulheres acometidas pelo câncer de mama e correlacionar a detecção precoce da neoplasia da mama com a remissão da doença ao final do primeiro tratamento. Trata-se de um estudo epidemiológico, de caráter descritivo, quantitativo e retrospectivo. Os dados foram coletados em um hospital de referência macrorregional em tratamento oncológico, localizado na cidade de Barbacena- Minas Gerais- Brasil. O universo amostrado constituiu-se de 247 fichas de registro de tumor de clientes cadastradas com CID: C50 – Câncer de Mama, no período de 2008 a 2011. Como resultado encontrou-se como faixa etária predominante, mulheres entre 50 a 59 anos, totalizando 29% dos casos; a raça/cor branca foi a mais acometida com um percentual de 78,3 %; a maioria das mulheres possuía um menor grau de instrução, o que resultou em 52% e grande parte procedeu do meio urbano, 62%, oriundas de Barbacena- MG. Observou-se que 45% dos casos se tratavam de mulheres casadas, 51% foram atendidas pelo SUS, 56% chegaram ao serviço sem diagnóstico e houve uma elevada prevalência de estadiamento tumoral avançado, resultando 53% dos casos. No que se refere ao tratamento de primeira escolha, 65% da população estudada recebeu os combinados (Cirurgia, Quimioterapia e Hormonioterapia). Ao final do primeiro tratamento houve remissão completa da doença em 40% das mulheres acometidas, 51% possuíam evidência da doença e 9% dos casos foram óbitos. Esses resultados indicam que o rastreamento do câncer de mama proposto pelo INCA não está sendo realizado de maneira eficaz pelos serviços de atenção básica a saúde, pois observa-se crescimento tanto da incidência quanto da morbimortalidade, uma vez que ainda existem diversos obstáculos desde a ascensão as ações de detecção precoce até as dificuldades de uso dos recursos diagnósticos e dos tratamentos recomendados.