Resumo
INTRODUÇÃO: Segundo a Organização Mundial da Saúde cerca de 65-80% da população dos países em desenvolvimento utilizam e/ou dependem de plantas medicinais para os cuidados com a saúde, sendo muitas vezes o principal ou único recurso disponível. São amplamente comercializadas na forma de droga vegetal, a qual apresenta grande adesão da população empregada quer seja como alimento ou até como adjuvante terapêutico. No entanto estudos tem evidenciado que essas podem proporcionar efeitos toxicológicos ao organismo humano, assim como apresentar contaminações microbiológicas, o que pode desencadear riscos potenciais à saúde do paciente e que devido à expansão do mercado destes produtos, um número elevado de marcas comerciais tem sido comercializado fora dos padrões de qualidade com irregularidades nos parâmetros físico-químicos, microbiológicos e rótulos inapropriados. OBJETIVO: Deste modo, o presente estudo teve como objetivo realizar o controle de qualidade de amostras de Matricaria chamomilla L., Pimpinella anisum L., Peumus boldus Molina e Equisetum arvense L., comercializadas como droga vegetal em farmácias magistrais no município de Ubá-MG. METODOLOGIA: Trata-se de um estudo experimental em que foram analisados três amostras de cada espécie vegetal de três marcas distintas denominadas genericamente de marca “A”, ”B” e “C”. Foram avaliados os teores de umidade e cinzas totais, presença de material estranho, quantificação de fungos segundo as normas estabelecidas pela Farmacopeia V Edição de 2010, bem como as informações presentes nas embalagens de acordo com as RDC 259/2002, 219/2006 e a RDC n° 26/2014. RESULTADOS: Com o presente estudo foi possível comprovar que nenhuma das amostras atende às exigências estabelecidas pela RDC n° 26/2014, sendo as principais, não conformidades referentes à parte utilizada, forma de uso, contra indicações, orientações sobre armazenamento, frases obrigatórias, nome do farmacêutico e seu número no Conselho Regional de Farmácia (CRF), lote, Serviço de Atendimento ao Cliente (SAC) e termo “Produto Natural” e/ou ideia de produto inócuo. Os mesmos resultados foram evidenciados ao analisar rotulagem seguindo a regulação técnica supracitada, a qual revela que a maioria das drogas vegetais avaliadas está em desacordo com as exigências estabelecidas. Das análises físico-químicas foram encontradas irregularidades na determinação de material estranho no qual foi possível identificar presença de folhas e pedras em amostras pertencentes a duas marcas comerciais “B” e “C” de camomila, sendo encontrados valores de 2,80 e 3,4 % de impurezas respectivamente. Bem como caules, sementes e pedras nas amostras de boldo as quais foram reprovados com índices de 2,60, 5,60 e 3,50% das marcas “A”, “B” e “C” respectivamente. Em relação às cinzas totais, as amostras de boldo das marcas “A”, “B” e “C” e a marca “C” da amostra de camomila foram reprovadas, uma vez que apresentaram valores superiores aos parâmetros farmacopeicos. Já na contagem de unidades formadoras de colônia dos fungos as amostras de boldo e erva doce pertencente às marcas “A” e “C” e a cavalinha da marca “C” revelaram resultados incontáveis, a qual o crescimento microbiano ocorreu em toda superfície da placa impossibilitando a visualização das colônias e a realização da contagem onde isto ocorreu até na placa com diluição 10-3, o que demostra que estas amostras se encontram inadequadas para o consumo devido à intensa contaminação. CONCLUSÃO: Conclui-se assim, que as amostras avaliadas de M. chamomilla L., P. anisum L., P. boldus Molina e E. arvense L. não atendiam a todos os critérios de qualidade estabelecidos pela legislação vigente.