Resumo
Os psicofármacos são medicamentos que agem diretamente no sistema nervoso central e podem auxiliar no controle de distúrbios comportamentais e de humor em diversos pacientes. Devido à existência constante de comorbidades psiquiátricas e do consumo dos psicotrópicos na atenuação de condições somáticas, os idosos constituem a faixa etária que mais faz uso desses. As prescrições de tais medicamentos, principalmente nestes indivíduos, demandam bastante cautela, uma vez que, quando realizadas de forma inadequada podem causar danos ao paciente. Dessa forma, a adequação da farmacoterapia individual fundamentada em parâmetros explícitos pode reduzir a taxa de reações adversas. Nesse sentido, o objetivo deste trabalho foi analisar as prescrições de psicofármacos dos pacientes com históricos de internação compulsória por hanseníase da Fundação Hospitalar de Minas Gerais na unidade Casa de Saúde Padre Damião (CSPD) no município de Ubá-MG. Trata-se de um estudo transversal quali-quantitativo em que foram analisadas as prescrições de psicofármacos dos pacientes da CSPD. Foi realizada a análise dos prontuários no período de setembro a outubro de 2017 e, posteriormente, os fármacos psicoativos identificados foram organizados em tabelas dispostas em uma planilha do software Microsoft Office Excel 2010®. As ocorrências de possíveis interações medicamentosas e medicamentos, da classe dos pscicofármacos, potencialmente inadequados foram identificados com o auxílio do programa Drugs.com e pelos critérios de Beers, respectivamente. Foram identificados 87 pacientes asilares com idade igual ou maior a 60 anos, dos quais 52 apresentaram psicotrópicos em suas prescrições. Desses 52 idosos, 27 (52%) pertenciam ao sexo masculino e 25 (48%) eram do sexo feminino, sendo a idade mediana da população estudada de 75 anos. O subgrupo terapêutico dos psicotrópicos mais prescrito foi a dos antiepiléticos (N03A) e dos antidepressivos (N06A), ambos presentes em 39% das prescrições dos idosos avaliados. Verificou-se um total de 44 interações medicamentosas, das quais 7 foram classificadas como graves, 35 moderadas e 2 leves. Pelos critérios de Beers em sua primeira categoria, constatou-se o uso de 10 (47,6%) medicamentos potencialmente inadequados, sendo que 41 idosos (78,8%) faziam uso de pelo menos um destes medicamentos, 10 idosos (19,2%) faziam uso de 2 desses e 1 idoso (1,9%) consumia 3 medicamentos potencialmente inadequados. Tais resultados indicam que parte das prescrições de pscicofármacos avaliadas são inadequadas, uma vez que os mesmos podem estar propiciando danos a esses pacientes. Portanto, o presente estudo permite demonstrar a presença de erros na prescrição de psicotrópicos para pacientes idosos, evidenciando assim a notória importância da figura do farmacêutico e da equipe multiprofissional para garantir o melhor tratamento do paciente.
