Resumo
INTRODUÇÃO: A obesidade é uma doença crônica multifatorial com dimensões mundiais, a qual age como fator de risco para uma série de doenças. Observa-se que a obesidade vem aumentando ao longo dos anos, porém chama a atenção o fato de o advento de novas tecnologias ser concomitante ao aumento do peso da população. Em frente aos celulares e computadores, os indivíduos consomem mais e se movimentam menos, o que chama a atenção para o uso abusivo da internet como novo fator de risco para obesidade.
OBJETIVOS: Correlacionar o nível de dependência à internet com o excesso de peso e nível de atividade física em adultos. Além disso, objetivou-se também a correlacionar tais variáveis com dados antropométricos, variáveis sociodemográficas e dependência a smatphone.
METODOLOGIA: Estudo observacional, transversal, realizado na da Agência de Cooperação Intermunicipal em Saúde Pé da Serra (ACISPES), localizado em Juiz de Fora (Minas Gerais/Brasil). Foram incluídos indivíduos de ambos os sexos, com idade entre 18 e 60 anos, que possuam acesso à internet e que tinham smartphone. Os voluntários responderam, além de uma anamnese estruturada pelos pesquisadores, os seguintes questionários: sócio demográfico; Internet Addiction Test (IAT), que avalia a dependência a internet; Smartphone Addiction Scale-Short Version (SAS-SV), que avalia o grau de dependência a smartphone; e ao Questionário Internacional de Atividade Física (IPAQ), que mensura o nível de atividade física. Por fim, todos passaram por medidas de massa corporal e estatura, para posterior cálculo do índice de massa corporal (IMC). Para a análise estatística, foi utilizado o programa GraphPad InStat 3.00. As análises de correlação foram realizadas com teste de Pearson para as variáveis paramétricas e de Spearman para as não paramétricas. A regressão linear múltipla foi realizada para identificar quais variáveis se correlacionaram de forma independente com o tempo diário de conexão, IAT, SAS-SV e IPAQ. A significância foi de 5%.
RESULTADOS: Foram incluídos no trabalho 256 indivíduos, 178 mulheres e 78 homens, de idade entre 18 à 60 anos, com mediana de 36 anos. Em relação ao tempo online, a mediana de tempo conectado foi de 5h, sendo que apenas as variáveis escolaridade (p = 0,01 e r = 0,32) e idade (p < 0,001 e r = -0,26) se correlacionaram com o intervalo de tempo online. No questionário IAT, no qual 57 indivíduos foram classificados como moderada dependência à internet e 4 indivíduos como severa dependência, os fatores fortemente associados foram idade (p < 0,001 e r = -0,43), escolaridade (p = 0,031 e r = 0,13) e tempo conectado (p < 0,001 e r = 0,54). Já no questionário SAS-SV, em que 81 indivíduos apresentaram uso problemático da internet, as variáveis que tiveram impacto foram idade (r=-0,35; p<0,001), escolaridade (r=0,12; p=0,045), tempo conectado (r=0,49; p<0,001) e o grau de dependência a internet (r=0,75; p<0,001). No âmbito da atividade física, o IPAQ revelou que metade da amostra (n = 123) participantes foram classificados com ativos ou muito ativos, sendo correlacionada ao IMC (r=-0,16; p=0,008) e ao SAS-SV (r=-0,13; p=0,03). Em geral, IMC, renda, gênero e atividade física não tiveram impacto sobre a dependência à internet. Os resultados demonstram que àqueles com menor idade e maior escolaridade são fatores de risco para o uso excessivo da ferramenta.
CONCLUSÃO: A idade e a escolaridade, e não o excesso de peso, parecem se correlacionar com tempo conectado, dependência a smartphones ou o grau de dependência a internet. Por outro lado, parece existir uma relação entre a prática de atividade física, o índice de massa corporal e dependência ao smartphone.