Resumo
O câncer de mama, por sua elevada incidência e mortalidade, é uma das doenças que mais causa sofrimento físico e psíquico. Se detectado precocemente há altas chances de cura, entretanto na maioria das vezes ele é descoberto em estágios avançados, gerando tratamentos mutilantes à mulher, como a mastectomia radical ou parcial. Os efeitos que a mutilação promove não se resumem, apenas, em fisiológicos, mas, também, psicológicos. Extrair a mama em decorrência de uma enfermidade crônica acarreta a morte da feminilidade, devido ao seio ser o órgão associado ao prazer e à vida, além de possuir um poder simbólico cultural e social. Levando em consideração a representação simbólica das mamas, este estudo tem como objetivo fazer considerações sobre a repercussão da mastectomia no psiquismo da mulher entre o diagnóstico e a vida pós-cirúrgica, e verificar as consequências do adoecer a fim de contribuir de forma significativa para o bem-estar físico, social e psicológico da mesma. Para isso, aplicou-se uma entrevista individual, semiestruturada, em duas participantes que passaram por tal procedimento. Os resultados mostram que as repercussões psicológicas variam de acordo com a fase do adoecimento e da subjetividade de cada participante. Diante disso, faz-se necessário um acompanhamento e uma assistência prestada à paciente mastectomizada, a fim de minimizar os impactos ocasionados pela retirada da mama. Para tanto, a assistência deve ser voltada para a melhora da qualidade de vida em toda a sua amplitude. Assim, a mulher, nesse novo período, necessita de apoio emocional, profissional e familiar dentro de um entendimento que vai muito além da doença em si.