Resumo
A anemia é conceituada, de acordo com a World Health Organization (WHO), como concentrações de hemoglobina inferiores a 12,0 g/dL para o sexo feminino e 13,0 g/dL para o sexo masculino. Apontada como um crescente problema de saúde pública, essa condição mostra-se frequente em idosos, com prevalências que aumentam constantemente à medida que a idade avança. A anemia interfere intensamente na qualidade de vida dos idosos, mesmo na ausência de doenças coexistentes, através do declínio da função cognitiva e do desempenho físico, aumento do risco de quedas e tempo de internação e contribuindo para o surgimento de novos quadros clínicos, o que aumenta a mortalidade. Embora a abordagem clínica seja importante para o conhecimento da sua fisiopatologia, a análise da morfologia dos eritrócitos é mais empregada na prática médica a fim de identificar a anemia e determinar sua etiologia subjacente. Portanto, os exames laboratoriais deverão fornecer o número de eritrócitos, hemoglobina, hematócrito e índices hematimétricos. Dado o exposto, o presente estudo tem como objetivo traçar as principais características hematológicas da anemia em idosos atendidos pelo Laboratório de Análises Clínicas Oliveira e Ramos (LACOR), com sua sede localizada no município de Ubá, Minas Gerais. Trata-se de um estudo observacional transversal predominantemente descritivo, com análise de dados ambulatoriais disponibilizados pelo LACOR; foram incluídos ao estudo os hemogramas de indivíduos anêmicos, com idade igual ou superior a 60 anos, de ambos os sexos, atendidos entre 1º de abril a 30 de junho de 2017; O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP), através da Plataforma Brasil, pelo CAAE 75701417.6.0000.5156. A população inicial do estudo foi de 837 idosos, sendo 53,8% mulheres e 46,2% homens. A incidência de anemia foi de 14,5% (n=121), encontrando-se mais elevada no sexo feminino (52,9%). A média de idade dos idosos anêmicos foi de 74±9,71 anos (60 a 110 anos), sendo 72±9,02 anos para o sexo masculino e 75±10,23 anos para o sexo feminino. Os idosos com idade entre 60 a 69 anos foram os mais acometidos (41,3%). A anemia de grau leve foi a mais predominante (66,9%), enquanto somente 0,8% (n=1) dos idosos manifestou anemia severa. A anemia normocítica normocrômica com ausência de anisocitose foi a mais comum, acometendo 71,1% (n=86) dos idosos, sendo que a anemia normocítica normocrômica com ausência de anisocitose de grau leve e relacionada ao sexo feminino foi a mais frequente dentre os idosos anêmicos (28,9%).