Resumo
O objetivo deste artigo é apresentar uma discussão acerca dos trabalhos realizados no Estágio de Pesquisa em Saúde Mental desenvolvido no Curso de Psicologia do Centro Universitário Presidente Antônio Carlos durante o ano de 2019. O estágio foi desenvolvido a partir de um projeto que tinha como objeto a investigação do sistema de saúde público brasileiro. O principal problema que foi apresentado ao objeto é: estaria essa político pública sendo conduzida pelos princípios da solidariedade ou da compaixão? A justificativa de tal problematização esteve baseada nas origens de um sistema de saúde no Brasil que, nos seus primórdios, baseou-se no Compromisso da Misericórdia de Lisboa que, sob os auspícios do Rei de Portugal, firmava as bases religiosas para o exercício da atenção à saúde, que se voltava para os pobres, sem condições de vida e que, por este motivo, não podiam ser abandonados pela Igreja e pelo Rei. Esse pressuposto medieval evocou uma concepção peculiar da História: a História das Mentalidades que usa os princípios da longa duração (longue durée), tão caro à História dos Annales, que constituiu uma nova abordagem de fazer a História, tendo por objeto um outro olhar, diferente da chamada Escola Positivista. Assim, ao fazer uma análise discursiva do Compromisso da Misericórdia, buscou-se compreender se o Estado Democrático de Direito conserva, em suas entrelinhas e interdiscursos, traços do medieval, que viam no Rei o principal agente divino de promover a saúde e derrotar a doença.