Resumo
O trabalho realizado e que vai aqui apresentado consiste em uma apresentação do percurso empreendido por Jacques Lacan ([1955-56] 1988) no Seminário sobre As Psicoses. A proposta de chamar o nosso percurso de “diálogos” baseia-se na leitura de outros textos e notícias que reportam ao tema, ajudando-nos a melhor compreendê-lo. Conceitos como os de delírios, fenômenos elementares, erotomania e empuxo-à-mulher se associam à concepção do Nome-do-Pai (Nom-du-Père), condição sine qua non para que um “diálogo” de tais proporções se mostrasse, no mínimo, possível e, quiçá, eficaz. Assim, ao nos propormos uma compreensão desses e de outros conceitos inerentes à estrutura psíquica das psicoses, fomos encontrando exemplos de casos clínicos que se associaram às palavras a fim de ilustrar uma compreensão das relações que o sujeito estabelece com o Outro, ainda que seja pautada pela rejeição (Verwerfung). Não é um percurso simples e tampouco óbvio. A escrita de Lacan, ou mesmo a estrutura psicótica, abre continuamente outras portas pelas quais pode o observador perscrutar, embora não lhe seja permitido adentrar com suas ansiosas pretensões interpretativas, plenas de significantes simbólicos. Contente-se, pois, o clínico, com a função de secretário do delírio, compreendendo-o não simplesmente como uma defesa, mas como uma outra forma de se organizar diante de um outro – imagem de si e que rejeita habitar o complexo mundo da linguagem.