Resumo
Atualmente a família homoafetiva está sendo o alvo de muitas discussões em vários âmbitos. Pela maior visibilidade que se têm nas mídias sociais, seja em novelas, filmes, debates, esse assunto está sendo cada vez mais comum, entretanto ainda se observa muitas atitudes e comentários preconceituosos em relação a esse tipo de configuração familiar, por não corresponder ao modelo padrão de família nuclear. Esse tema é importante como objeto de estudo para a Psicologia, uma vez que, é uma ciência que busca compreender e intervir sobre as relações e comportamentos, e tem um compromisso social na promoção dos sujeitos, das boas relações e da inclusão social de todos os grupos minoritários e marginalizados. Este trabalho aborda justamente a representação que uma criança tem de sua família homoparental, expressada através do desenho. A metodologia de pesquisa adotada foi a de estudo de caso, de uma criança de seis anos, do sexo masculino, que vive em uma família homoafetiva composta por duas mulheres, sendo uma sua mãe biológica e a outra sua companheira, a criança mantendo ainda o contato com o pai. O estudo se deu em três etapas, onde coletamos o desenho feito pela criança, e entrevistamos as responsáveis, a fim de obter maiores informações sobre a dinâmica e história familiar O estudo teve como proposta analisar a representação que a criança tem de sua família, que se constitui de forma incomum para os padrões sociais vigentes. A partir do desenho da família produzido pela criança, foi feita uma análise da representação que a criança tem de família, se corresponde a sua verdadeira família, destacando aspectos que possam ser relevantes ou indicadores de como ela se sente e lida com essa diferente configuração familiar. Para tanto, utilizamos como instrumento de análise o Manual de Correção do Teste do Desenho HTP de Buck (2003) e de Campos (1969). De acordo com o que pudemos analisar a partir da observação da relação familiar, nos parece existir uma estrutura de regras e papeis que cada membro deve seguir, não se diferenciando de qualquer outro tipo de família. E partir da análise do desenho, a criança não apresentou nenhuma característica diferenciada que nos remetesse a dificuldades ou atitudes negativas relacionadas à sua configuração familiar.