Este artigo traz uma discussão sobre a inserção da mulher no mercado de trabalho. Um mercado destinado, prioritariamente, aos homens, foi-se revelando também um lugar de vivência e emancipação feminina. O lugar simbólico ocupado pela mulher foi se modificando ao longo do tempo. Por isto, apresenta-se uma discussão sobre essa construção cultural. Estar no mercado de trabalho aparece como uma reivindicação feminina. No entanto, como se vê, para as formas capitalistas de desenvolvimento econômico, a obtenção do lucro independe do gênero sexual. A questão aqui apresentada está em torno das condições femininas colocadas pela cultura atual que, ao demandar à mulher que se insira no mundo do trabalho, não lhe retira as demandas domésticas. Essa tensão tem provocado uma discussão na dinâmica do cotidiano das práticas, pois é necessário que tais sejam modificadas no exercício da atividade laborativa, pois à mulher continua sendo exigidas as práticas de cuidado de si e da família, mesmo quando vivenciando o trabalho extra-doméstico. As discussões sobre o tornar-se mulher dão uma base filosófica e social para o que aqui vai apresentado, mas também julgou-se necessário uma aproximação do contexto histórico sobre o desenvolvimento das noções do lugar simbólico da mulher na civilização marcada pelo masculino e suas ordens. Por fim, as discussões psicológicas acerca da psicodinâmica do trabalho dão a devida sustentação para as conclusões – ainda que parciais – aqui apresentadas.