Resumo
A Organização Mundial de Saúde (OMS) define saúde como sendo um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não somente ausência de afecções e enfermidades (Segre e Ferraz, 2001). Essa definição perdura até a atualidade, e é considerada equivocada por muitos autores, compreendendo que seja irreal para o ser humano estar em completo bem-estar em todos esses âmbitos. Isso demonstra que, cada vez mais, a perfeição tem sido colocada como padrão de normalidade e, por ser dificilmente atingida, as pessoas buscam por respostas, ou seja, um diagnóstico que justifique qualquer incômodo, reforçando a medicalização, na busca de solução rápida, e um padrão de perfeição cada vez mais inatingível. Dito isso, há um movimento por parte do controle médico em disseminar cada vez mais padrões diagnósticos, causando uma patologização da vida e dando continuidade à estigmatização da saúde mental e exclusão dessas pessoas da sociedade. As práticas clínicas tradicionais e os sistemas de diagnósticos, como o DSM, frequentemente se concentram em classificar os sintomas e transtornos mentais com base em descrições biológicas, reforçando o modelo biologicista, que marginaliza o contexto histórico, político, social e cultural dos sujeitos. Portanto, há de se pensar o papel da Psicologia diante de tal cenário, visto que sua prática necessita de tempo e senso crítico, características que vem sendo anuladas através da patologização e medicalização da vida.