Resumo
Introdução: A interação homem-animal é definida como “uma relação dinâmica e mutuamente benéfica entre pessoas e outros animais, influenciada pelos comportamentos essenciais para a saúde e bem-estar de ambos”. Isso inclui as interações emocionais, psicológicas e físicas entre pessoas, animais e ambiente. Apesar dos benefícios, essa aproximação também trouxe prejuízos principalmente para com os animais, podendo ser exemplificados pela negligência e maus-tratos, na qual a ocorrência da conexão entre os maus-tratos aos animais e a violência doméstica é considerável. Objetivo: Apresentar os dados resultantes de um questionário aplicado e realizar pesquisa junto a Médicos Veterinários Clínicos domiciliados no município de Juiz de Fora sobre a ocorrência de maus-tratos sofridos por animais e sua percepção do elo entre as violências. Métodos: Foi realizado um estudo observacional do tipo transversal em que foram entrevistados 110 Médicos Veterinários no mês de outubro de 2020. Para a coleta de dados, foi utilizado um questionário elaborado pelos pesquisadores que em que constaram informações de dados sociodemográficos, vida profissional e atendimentos na rotina clínica. Inicialmente foram aplicados procedimentos de estatística descritiva. Foram realizadas análises de associações entre as variáveis investigadas e para isso empregado o teste de qui-quadrado com correção de Yates (p<0,1). Resultados: No presente trabalho, 110 médicos veterinários clínicos responderam o questionário, mas 20 foram excluídos da pesquisa por serem domiciliados em outras cidades. Logo, os dados da pesquisa foram avaliados em 90 respostas das quais 72,2% (65/90), do sexo feminino e idade entre 30 e 35 anos 32,2%(29/90). A maior parte, 54,4% (49/90) desses profissionais estão inseridos no mercado de trabalho há menos de 5 anos, sendo que 90,0% (81/90) realizam atendimento a pequenos animais (cães e gatos). Do total de repostas obtidas, 68,9% (62/90) dos médicos veterinários afirmaram atender animais negligenciados ou maltratados. A maior porcentagem dos profissionais que responderam serem capazes de identificar os maus-tratos - 83,3% (75/90). Assim, foi realizada a análise de 15 possíveis associações entre as variáveis investigadas, sendo constatado relação entre seis delas. Conclusão: Este estudo que demonstra a presença de maus-tratos na rotina clínica de pequenos animais, onde os cães sem raça definida (SRD) são os mais acometidos. Os médicos veterinários respondentes se sentem capazes de identificar os maus-tratos, mas não realiza denuncias aos órgãos competentes.