Resumo
Este artigo tem como proposta uma discussão sobre a angústia. O foco central é a atuação do psicólogo no âmbito hospitalar frente a situações em que o paciente internado, carente de informações mas cercado por cuidados científicos, se vê reduzido a um objeto de intervenção técnica. O contexto institucional, aliado à proposição científica que lida com a doença a partir do modelo anátomo-patológico, coloca o sujeito na função reduzido de um paciente preso a um leito, devendo cumprir seu papel de se colocar dócil diante da grande demanda da ciência que, não raro, o quer dócil e compreensivo. Para além de tais questões – e, talvez, justamente motivado por elas – está o sujeito angustiado, pois a incerteza diante da doença e de sua finitude o assola. O que se percebe no ambiente hospitalar é que nem sempre a instituição está disposta a uma escuta qualificada dessa mesma angústia e, por isso, não consegue se aproximar do sujeito que sofre, não obstante as intervenções técnicas. Escutar a angústia do sujeito é colocar-se ao lado dele para empreender uma caminhada nos meandros de uma internação hospitalar. Por isto, a proposta de abrir uma discussão sobre a angústia está aliada a uma proposta de construir um significado subjetivo para sua internação.